"Porque não cabe à Universidade formar convictos nem sequer sugerir convicções, mas dar ao estudante capacidade para escolher a sua convicção".
(Otto Maria Carpeaux – Em A Idéia de Universidade e as Idéias das Classes Médias)
Imersa em uma aura de prestígio e reputação social, a universidade presumivelmente representa a instituição onde se desenvolve a livre reflexão, o pensamento que repele preconceitos, o reduto e enclave dos espíritos inquiridores.
Para além das circunstâncias históricas que colaboram para o florescimento de correntes dominantes ou mesmo o arraigamento de inclinações ideológicas hegemônicas, observamos a completa, insensata e inexorável extinção dessas prerrogativas. O Conservadorismo, distorcido e depreciado através das mais difamantes caracterizações, constitui-se o obstáculo a ser aniquilado por uma autoinvestida “elite letrada” presunçosamente iluminada e crente personificar os anseios da nação. Animada por uma obsessão patológica que encerra em especulações simbólicas o que o discurso depurado e a lógica elementar jamais foram capazes de descrever ou sustentar, “revolução social!”, “destruição do capitalismo e da ordem burguesa!”, “por uma democracia popular!” são alguns exemplos de brados e chavões carentes de conteúdo e conceituação concreta, subprodutos de um misticismo secular atrelado a uma esquerda cultural empenhada a tudo corromper e dissolver em nome de sua utopia delirante.
Alternando entre o cientificismo oco e o sectarismo da hipertrofia marxista revolucionária - ambos calcados em um gnosticismo obstinado -, a formação universitária confunde-se com a introjeção compulsória de uma agenda doutrinária, a qual o estudante incauto adere passivamente. O academicismo impostor e o intelectualismo pedante são os instrumentos sutis desse processo castrador, logrando eficácia precisamente pelo despreparo a que esse mesmo estudante foi condicionado, facultado por um movimento comunista global que possui no establishment universitário um de seus braços de propaganda mais poderosos.
Tal panorama estarrecedor nos impele a uma reação incisiva, ordenada e intrépida; e é como resultado dessa compreensão que arvora a União Conservadora Cristã, de acrônimo UCC, movimento que confia na unidade elementar de valores e objetivos persecutados por seus membros a alternativa de oposição e enfrentamento a este estado de coisas febril, nesta que consiste na instituição central e estratégica para o desenvolvimento da cultura de um país.
Salientamos que a contra-ideologia que arrogamos não se reduz ao conflito político-acadêmico, porém primariamente ao estabelecimento de um canal de diálogo com o objeto alvo do engodo esquerdista universitário: a sociedade. Freqüentemente ignorando o que ocorre nessa “ilha” ela é gradualmente sujeitada à inoculação de parâmetros de pensamento perniciosos a revelia de seus próprios hábitos e expectativas. Acerca deste aspecto, cabe distinguir nossa projeção em comparação a “intelectuais” covardes que, sob a comovente alcunha de “defensores de movimentos sociais” forjam uma blindagem sorrateira a fim de legitimar ações criminosas e fomentar organizações subversivas. O que amíude a malícia cínica de professores militantes e seus propagandistas vulgares nomeiam reflexos de “injustiças sociais”, o bom senso do cidadão de bem reconhece um distúrbio de caráter.
A respeito do contexto de despolitização geral dos estudantes e o notável desinteresse pelo Movimento Estudantil, identificamos como efeito direto do anacronismo absurdo, do comportamento histriônico e da linguagem panfletária que tateia o abismo da pura demência, irradiados por inúmeras facções que orbitam em torno do mesmo eixo marxista revolucionário. Essas mesmas facções, – rivais quando discutem minúcias da alucinação revolucionária, mas coesa quando a tarefa é rechaçar “inimigos intoleráveis” –, detêm o monopólio da militância estudantil e convencem mediante a insistência raivosa que qualquer posição destoante de sua cartilha fantástica, por mais superficial que seja, só pode ser exprimida por “representantes da direita”. De um lado uma ideologia estéril profundamente enraizada, do outro uma falsa oposição ingênua e inócua. Desnecessário indicar a quem esse quadro fortalece. Nós, membros da União Conservadora Cristã, rejeitamos essa farsa e entendemos que qualquer reação subordinada a esse vil paradigma emergirá natimorta. Enquanto veneradores das personalidades mais abomináveis, relativizadores de carnificinas execráveis e séquitos de políticas que engendraram miséria e degenerescência onde foram aplicadas ainda forem aceitos como idealistas, contestadores críticos e portadores de virtudes elevadas, é porque o reinado da mentira prossegue triunfando incólume.
*Que é ser um conservador cristão?
Acaso nos manifestássemos em uma universidade cujas referências político-ideológicas convencionais transitassem em uma esfera mínima de conhecimento, comentar tal questão seria apenas uma redundância indolor. Infelizmente, a ideocracia vigente no “ensino superior” brasileiro adestra a curiosidade intelectual e deforma a inteligência dos estudantes a tal ponto que a simples existência de um movimento autoproclamado conservador na USP, o enclave gramsciano da América Latina, é motivo de escândalo e ilações as mais levianas.
Em princípio, cumpre pontuar que o conservador cristão é um anti-revolucionário por excelência. Repudiamos qualquer determinismo histórico ou social, nos opomos inequivocamente a qualquer proposição que advogue a demolição de instituições milenares e desdenhe de sua sabedoria acumulada. Defendemos a individualidade em nome da responsabilidade, negamos a obstrução da consciência em nome da libertinagem coletivista. Sem nos arrogarmos representantes divinamente ungidos, o cristianismo consiste para nós no baluarte maior de nossa civilização e depositário de inesgotável sabedoria; assim, não fazemos política em nome da religião cristã, mas somos abarcados por sua herança preciosa e dela extraímos inspiração.