terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Manifesto

"Porque não cabe à Universidade formar convictos nem sequer sugerir convicções, mas dar ao estudante capacidade para escolher a sua convicção".

(Otto Maria Carpeaux – Em A Idéia de Universidade e as Idéias das Classes Médias)


Imersa em uma aura de prestígio e reputação social, a universidade presumivelmente representa a instituição onde se desenvolve a livre reflexão, o pensamento que repele preconceitos, o reduto e enclave dos espíritos inquiridores.

Para além das circunstâncias históricas que colaboram para o florescimento de correntes dominantes ou mesmo o arraigamento de inclinações ideológicas hegemônicas, observamos a completa, insensata e inexorável extinção dessas prerrogativas. O Conservadorismo, distorcido e depreciado através das mais difamantes caracterizações, constitui-se o obstáculo a ser aniquilado por uma autoinvestida “elite letrada” presunçosamente iluminada e crente personificar os anseios da nação. Animada por uma obsessão patológica que encerra em especulações simbólicas o que o discurso depurado e a lógica elementar jamais foram capazes de descrever ou sustentar, “revolução social!”, “destruição do capitalismo e da ordem burguesa!”, “por uma democracia popular!” são alguns exemplos de brados e chavões carentes de conteúdo e conceituação concreta, subprodutos de um misticismo secular atrelado a uma esquerda cultural empenhada a tudo corromper e dissolver em nome de sua utopia delirante.

Alternando entre o cientificismo oco e o sectarismo da hipertrofia marxista revolucionária - ambos calcados em um gnosticismo obstinado -, a formação universitária confunde-se com a introjeção compulsória de uma agenda doutrinária, a qual o estudante incauto adere passivamente. O academicismo impostor e o intelectualismo pedante são os instrumentos sutis desse processo castrador, logrando eficácia precisamente pelo despreparo a que esse mesmo estudante foi condicionado, facultado por um movimento comunista global que possui no establishment universitário um de seus braços de propaganda mais poderosos.

Tal panorama estarrecedor nos impele a uma reação incisiva, ordenada e intrépida; e é como resultado dessa compreensão que arvora a União Conservadora Cristã, de acrônimo UCC, movimento que confia na unidade elementar de valores e objetivos persecutados por seus membros a alternativa de oposição e enfrentamento a este estado de coisas febril, nesta que consiste na instituição central e estratégica para o desenvolvimento da cultura de um país.

Salientamos que a contra-ideologia que arrogamos não se reduz ao conflito político-acadêmico, porém primariamente ao estabelecimento de um canal de diálogo com o objeto alvo do engodo esquerdista universitário: a sociedade. Freqüentemente ignorando o que ocorre nessa “ilha” ela é gradualmente sujeitada à inoculação de parâmetros de pensamento perniciosos a revelia de seus próprios hábitos e expectativas. Acerca deste aspecto, cabe distinguir nossa projeção em comparação a “intelectuais” covardes que, sob a comovente alcunha de “defensores de movimentos sociais” forjam uma blindagem sorrateira a fim de legitimar ações criminosas e fomentar organizações subversivas. O que amíude a malícia cínica de professores militantes e seus propagandistas vulgares nomeiam reflexos de “injustiças sociais”, o bom senso do cidadão de bem reconhece um distúrbio de caráter.

A respeito do contexto de despolitização geral dos estudantes e o notável desinteresse pelo Movimento Estudantil, identificamos como efeito direto do anacronismo absurdo, do comportamento histriônico e da linguagem panfletária que tateia o abismo da pura demência, irradiados por inúmeras facções que orbitam em torno do mesmo eixo marxista revolucionário. Essas mesmas facções, – rivais quando discutem minúcias da alucinação revolucionária, mas coesa quando a tarefa é rechaçar “inimigos intoleráveis” –, detêm o monopólio da militância estudantil e convencem mediante a insistência raivosa que qualquer posição destoante de sua cartilha fantástica, por mais superficial que seja, só pode ser exprimida por “representantes da direita”. De um lado uma ideologia estéril profundamente enraizada, do outro uma falsa oposição ingênua e inócua. Desnecessário indicar a quem esse quadro fortalece. Nós, membros da União Conservadora Cristã, rejeitamos essa farsa e entendemos que qualquer reação subordinada a esse vil paradigma emergirá natimorta. Enquanto veneradores das personalidades mais abomináveis, relativizadores de carnificinas execráveis e séquitos de políticas que engendraram miséria e degenerescência onde foram aplicadas ainda forem aceitos como idealistas, contestadores críticos e portadores de virtudes elevadas, é porque o reinado da mentira prossegue triunfando incólume.


*Que é ser um conservador cristão?

Acaso nos manifestássemos em uma universidade cujas referências político-ideológicas convencionais transitassem em uma esfera mínima de conhecimento, comentar tal questão seria apenas uma redundância indolor. Infelizmente, a ideocracia vigente no “ensino superior” brasileiro adestra a curiosidade intelectual e deforma a inteligência dos estudantes a tal ponto que a simples existência de um movimento autoproclamado conservador na USP, o enclave gramsciano da América Latina, é motivo de escândalo e ilações as mais levianas.

Em princípio, cumpre pontuar que o conservador cristão é um anti-revolucionário por excelência. Repudiamos qualquer determinismo histórico ou social, nos opomos inequivocamente a qualquer proposição que advogue a demolição de instituições milenares e desdenhe de sua sabedoria acumulada.  Defendemos a individualidade em nome da responsabilidade, negamos a obstrução da consciência em nome da libertinagem coletivista. Sem nos arrogarmos representantes divinamente ungidos, o cristianismo consiste para nós no baluarte maior de nossa civilização e depositário de inesgotável sabedoria; assim, não fazemos política em nome da religião cristã, mas somos abarcados por sua herança preciosa e dela extraímos inspiração.



quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Carta em resposta ao portal ÚLTIMO SEGUNDO (notícias da iG) sobre a matéria "Extrema direita universitária se alia a skinheads"

Link da matéria tendenciosa: http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/extrema-direita-universitaria-se-alia-a-skinheads/n1597226175495.html

Por Celso Zenaro

27/09/2011


O jornalista Ricardo Galhardo nos abordou expressando a intenção de escrever uma matéria sobre a UCC que apresentasse ao público nossas atividades, objetivos e bases ideológicas. Tal interesse foi despertado após o primeiro contato realizado na Contra-Marcha da Maconha, promovida pela UCC em aliança com outras duas organizações. Ao contrário do que o caráter panfletário da reportagem evidencia – a começar pelo seu título eivado de um sensacionalismo característico de jornalismo policial de bairro – o jornalista transpareceu alguma seriedade, sobretudo ao afirmar que uma de suas expectativas era justamente a de desconstruir alguns mitos relacionados a tais organizações e de que o interesse específico pela União Conservadora Cristã era fundamentada no fato de se tratar de uma organização universitária, algo que nos distinguia solenemente.

A entrevista perdurou por quase três horas e se dividiu entre perguntas seguidas de respostas formais e digressões sobre assuntos diversos, com o repórter relatando algumas de suas experiências que inclusive endossavam algumas das declarações do entrevistado. Ao ler a matéria publicada, a conclusão mais óbvia que se anunciou é a de que o jornalista premeditou sorrateiramente o seu conteúdo antes mesmo de executar a entrevista. Tudo o que lá se escreve tenta legitimar o histriônico título “Extrema-Direita Universitária Se Alia a Skinheads”. A técnica difamatória utilizada pelo militante travestido de jornalista foi a de recortar frases soltas – que separadas do contexto em que foram proferidas e do raciocínio que as precedeu estão sujeitas as mais levianas interpretações –, projetar sobre o entrevistado algumas de suas crenças particulares acerca de sua organização e reproduzir alguns de seus comentários secundários e acessórios como se fossem argumentos capitais capazes de impugnar determinadas acusações.

Segue meus esclarecimentos a cada uma das questões distorcidas e manipuladas pelo jornalista:

“Estamos aqui para batalhar tanto intelectualmente quanto fisicamente”

Tal frase foi dita quando eu descrevia o panorama do movimento estudantil. É de conhecimento comum que as ações políticas na universidade são monopolizadas pela esquerda e que qualquer ameaça de oposição, por mais modesta que se apresente, é por ela prontamente rechaçada sem o menor escrúpulo de recorrer a expedientes de violência se assim julgarem necessário. Portanto, a citada disposição para a batalha física adquire um significação de que, diferentemente de outros grupos, não nos deixaremos intimidar por palavras de ordem ou investidas de agressão. O jornalista, mesmo sabendo perfeitamente do que eu estava falando, recortou essa frase e a enquadrou a seu bel prazer de modo a identificá-la com uma veneração pela violência, possivelmente confirmada por nossa fictícia “aliança com skinheads”.

“O que precisamos é de homens dispostos a morrer por seus valores”

Mais uma vez o jornalista promoveu um arranjo para encaixar uma frase em uma lógica imaginária e difamatória, sugerindo que expressaria novamente uma admiração pela violência de grupos extremistas. A referida foi dita quando explicava o que sobrepõe o conservador cristão a pseudo-direita brasileira, ou, como o jornalista gostava de classificá-la, “direita coxinha”. Neste caso, um autêntico cristão estaria disposto a morrer se fosse perseguido por suas posturas, eis a firmeza de convicções que faltaria à oposição política brasileira. O jornalista adora rotular os outros de intolerante, porém não tolera a hipótese de escrever a verdade.

“Essa postura de combate me inspira muito. Uma inteligência que não está disposta ao combate é uma inteligência vazia”

Outra frase recortada para nos associar a entidades existentes e hiperbolizadas no discurso da mídia esquerdista. Criticava nesse trecho a proliferação de movimentos conservadores que agem restritos à internet e elogiava aqueles que apresentam a hombridade de sair às ruas e não me referia a nenhuma gangue ou tribo urbana. Todas as organizações que ousam militar por valores conservadores têm pleno conhecimento de que serão boicotadas ou satirizadas pela imprensa – tomemos como exemplo a grande mobilização contra a PL 122 ocorrida em Brasília -, nessa conjuntura, a postura de combate é sim uma virtude louvável.

UCC e referências

O Integralismo (atualmente representado pela FIB) e o IPCO jamais foram citados como referências teóricas e doutrinárias. O que foi afirmado é que são organizações com as quais estamos dispostos a dialogar e propor ações conjuntas contra problemas concretos. Ademais, o jornalista demonstra uma ignorância brutal e safadeza descomunal ao etiquetar o Integralismo como uma versão nacional do nazismo. A respeito do filósofo Olavo de Carvalho, o mesmo sequer ouviu falar da nossa organização (pelo menos não até a publicação da matéria). Nossa relação com ele se reduz à leitura de sua obra e admiração por sua coragem e vida consagrada aos estudos.

UCC e PSDB

As duas formas de nos associar ao PSDB expressaram claramente a má-fé do jornalista.

Em primeiro lugar, quando mencionei de passagem nossa conversa com a juventude do PSDB discorria sobre a história em movimentos políticos dos membros fundadores e aludia a um episódio que ocorrera quando a UCC sequer existia, de modo a frisar como e porque percebemos que não poderíamos participar de grupos já existentes, uma vez que tínhamos posicionamentos inflexíveis quanto a determinadas questões. Ou seja, um comentário sem qualquer importância para o objetivo da matéria conforme o declarado pelo jornalista, mas que ele selecionou com o intento de explorar o estereótipo da “classe média tucana” tão familiar ao vocabulário petista.

Em segundo lugar, as razões que fomentaram nosso voto por exclusão em José Serra foram simplificadas ao cúmulo do ridículo. Nossa ojeriza ao PSDB não se reduz a considerações genéricas como a frase reproduzida “Serra manteve alguns ideais de esquerda” indica. Ao justificar nosso voto em José Serra, expliquei pausadamente as relações espúrias do PT e seu protagonismo no Foro de São Paulo, uma organização com projeto de poder continental em fase adiantada de aplicação e que tem como suporte financeiro o narcotráfico coordenado pelas FARC. Isso me recordo muito bem que o jornalista anotou, mas talvez achou inconveniente reproduzir na matéria, dando preferência a frases curtas que isoladas não dizem nada. Talvez para ele tudo aquilo que estiver à direita da cumplicidade tucana com o projeto totalitário petista seja mesmo “extremismo”.

“Para os jovens da UCC, a USP é um antro comunista, nenhum partido político é suficientemente conservador, a pedofilia na Igreja é fruto da infiltração de agentes da KGB, o sexo é uma forma de idiotização da juventude, Geraldo Alckmin colocou uma mordaça gay na sociedade paulista, Fernando Henrique Cardoso foi o criador de Lula e Lula é o próprio anticristo.”

Uma mentira grosseira e duas deturpações.

1 - Quando mencionei a relação entre os casos de pedofilia na Igreja com a ação da KGB, tive o cuidado de observar repetidas vezes de que não estava afirmando categoricamente que a pedofilia só existia exclusivamente em decorrência disso. Apenas ressalvei que eram estudos realizados – citei dois livros a respeito – e vastamente ignorados pelos jornalistas.

2 - Sobre sexualidade e juventude, fui perguntado acerca da moral sexual cristã e sua aplicabilidade na vida ordinária do jovem hoje. Disse que a defesa da moral sexual não pode ser baseada na ênfase em normas fechadas mas sim abordadas de acordo com a abrangência que o assunto reclama, na qual está incluída a erotização excessiva promovida pela indústria de publicidade e entretenimento como um método de escravização psicológica da juventude. O jornalista afirmou que igualmente percebia esse problema e que compartilhava dessa preocupação por motivos de ordem familiar. Entretando, na matéria buscou caricaturar ao evocar a impressão de que acreditamos que qualquer jovem que pratique sexo é automaticamente um idiota. Se o jornalista é idiota eu não sei, mas malicioso, certamente.

3 - Não afirmei ou sugeri que Lula seja o Anticristo. Como cristão, jamais banalizaria o termo dessa forma.

UCC e neonazismo

Minha explanação das razões pelas quais rejeitamos o nazismo e o nacional-socialismo como um todo foi talvez a mais longa de todas. Todavia Ricardo Galhardo pretende fazer o público se convencer disso porque temos um aliado vegetariano e somos a favor de Israel. Sobre vegetarianismo e nazismo, não opus um ao outro como é subentendido pelo texto. Comentei sobre o vegetarianismo do líder da Resistência Nacionalista brevemente em uma situação descontraída, de maneira a afrontar o estereótipo do “brutamontes que quer sair dando porrada em todo mundo” que o supracitado jornalista insistia em atribuí-lo.

“A aproximação tem base na argumentação ideológica dos neoconservadores, segundo a qual é necessária uma elite intelectual que sirva de referência para a massa. 'Uma massa conservadora sem uma elite é uma massa de manobra. Não existe educação para as massas. Precisamos de uma alta cultura que sirva de referência para estas massas', disse Zanaro.”

Temos aqui a manipulação mais repugnante de todas. Quando mencionei a "massa conservadora desprovida de uma elite" me referi aos mais de 60 milhões de cristãos (entre católicos praticantes e evangélicos) e não às organizações com as quais participamos na Contra-Marcha da Maconha, como o jornalista tentou sugerir, nos tentando colocar como oportunistas instrumentalizadores das mesmas.